O espaço, para além de Claro, é simpático e acolhedor |
Gostava de não levantar falsas expectativas, mas, pronto, cá
vai: penso ter encontrado o melhor restaurante de Lisboa e arredores (... fica
em Paço de Arcos). Será só entusiasmo, o entusiasmo da experiência que tive no
“Claro!”? Sim, admito que pode ser. OK, não serei tão assertivo, até porque definir
“o melhor” é sempre subjetivo. Portanto fico-me por “um dos melhores”. E sobre
isso não cedo, venha quem vier. É que já há algum tempo não era posto à prova como
neste restaurante, feito de uma cozinha intrinsecamente portuguesa, aparentemente
simples e, no entanto, tão imaginativa e apelativa às sensações. Em Lisboa, talvez
só nos inícios da “Bica do Sapato” e do “Assinatura” ou um pouco no atual “Bel Canto”
tenha sentido tanta emoção com a sabedoria de um chef em conjugar texturas e
sabores. Voltou a acontecer agora com Vítor Claro, o responsável por este
espaço que baptizou com o próprio apelido.
O “Claro!” ocupa
um espaço privilegiado no Hotel Solar Palmeiras, onde chegou a funcionar um “Cocagne”
que nunca visitei. Mesmo em cima da marginal, em frente ao mar, a vista é, como
se pode imaginar, magnifica. O interior não é tão vasto como a panorâmica, mas
ainda bem. No bom tempo, é complementado por uma esplanada. Tudo muito bonito,
mas é da cozinha que sai o melhor da casa. E a cozinha está a cargo do referido
Vítor Claro. Não vou aqui fingir, como muitos dos meus colegas “aconselhadores”
de restaurantes, que sou intimo do chef, que o conheço de ginjeira, que somos
amigos do peito. Nada disso. Nunca o tinha visto. Mas já vi do que é capaz e pressenti
nele uma paixão pelos pratos que depois se sente no paladar. Também li que
percorreu as melhores cozinhas e aprendeu com os melhores cozinheiros. É tudo o
que interessa saber.
Mas vamos à comezaina. O
restaurante funciona com menus compostos por vários pratos e, ao fim-de-semana,
com um de cozido à portuguesa. Como fui num sábado, aconselharam-me o menu do
cozido. Aceitei. Já a minha companheira quis amplificar a primeira experiência
para provar o “menu do almoço”. Seguiu-se então um desfile de mimos gourmets
fabulosos. Veio um pequeno prato (do menu do cozido) que dividimos. Uma fatia
de presunto da beira baixa, outra de panceta e uma ameixa recheada com patê.
Abriu o apetite. Depois, uma oferta extra menus, com o chef a fazer questão de
experimentarmos o ex-libris da casa, o bacalhau à Conde da Guarda – uma espécie de pastel de bacalhau sem
fritura, em dueto com tomate migado –, tão simples, mas tão saboroso que nos
rendemos. E pronto, estávamos preparados para o banquete que incluiu raia em
caldeta de ervas, caldo do cozido com foie gras, peixe do dia (seria
salmonete?) acompanhado com cozido de grão e o cozido propriamente dito, um
“cozido de autor”, com os componentes do tradicional, mas elevado a outro
patamar. Só visto e só provado.
A boa
notícia é que se come como rei a preço de plebeu. O menu do cozido custa 23
euros e o menu de almoço fica por 20 euros (prato principal), 22 euros (entrada
ou sobremesa e prato principal) ou 24 euros (entrada, prato principal e
sobremesa). A água e o café estão incluídos, bem como o pão, feito na casa, que
é outra perdição, de tão quente e guloso. Ao jantar os preços crescem, tal como
o banquete. Assim, o “menu de estação” composto por 6 pratos, fica em 35 euros,
enquanto o “menu de degustação”, com 9 pratos, vai aos 60 euros. O vinho é à
parte e há muito por onde escolher, mas há também boas sugestões diárias, todas
a 3 euros o copo ou 13 euros a garrafa. Em nenhum outro local, com este nível,
se praticam preços assim. Acreditem. L.M.
“Claro!”
Av. Marginal, Curva dos Pinheiros, Hotel Solar Palmeiras
2780-749 Paço de Arcos
Telefone – 214414231
Cartões – Aceita
Preço médio – 30 euros
Aberto todos os dias até às 22h30
Estacionamento – Privado
Notas (1 a 5)
Qualidade da refeição: 5
Serviço: 5