quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Petiscar com style

Uma sala agradável e onde se apreciam bons petiscos

Tenho um problema com as “novas” casas de petiscos. Mas não me interpretem mal. Adoro o conceito. Aliás, lamentava quando praticamente não existiam em Lisboa. O problema é que se tornaram moda e, como qualquer moda, começa a enjoar quando em excesso (o mesmo diria das hamburguerias...). O pior é que, ao contrário do que indica a essência do nome, não se “petisca” na maioria destas casas, almoça-se ou janta-se. Petiscar, como se sabe, é a qualquer hora e muitas das chamadas tabernas “modernas” só abrem para as grandes refeições do dia. Apetece uma comezaina a meio da tarde? Então tenha-se um roteiro à mão para saber quais estão abertas. É que são poucas. E isso – mais o facto de muitas delas serem perfeitamente banais – tem feito com que me fosse afastando das mesmas.
Dito isto, foi com desconfiança que entrei no “Flores do Bairro”, o restaurante do Bairro Alto Hotel, na Praça de Camões, em Lisboa, que já passou por várias transformações até chegar ao ponto a que chegou: um espaço moderno, mas despretensioso, com uma carta onde se privilegia o petisco, embora com possibilidade de optar por pratos mais substanciais. Ao hotel já tinha ido várias vezes (e ficamos por aqui...), ao restaurante é que não. Mas em boa hora fiz a visita.
É que, ali, os petiscos são tratados com sabedoria e reinventados sem comprometer a receita tradicional. Os pratos de carne e de peixe chamavam a atenção, mas a aposta recaiu na secção “para picar”. Éramos dois e cada um escolheu outros tantos petiscos. Eu fui pela “açorda de lascas de bacalhau, pimento vermelho e ovo escalfado” (8 euros) e pelo “corridinho de ovos mexidos com croutons e lascas de presunto” (3,75). A companheira pelo “ceviche de corvina coentros e coco” (12,50) e pela “salada de polvo com pimentos e coentros” (7,50), mas ainda ali havia umas pataniscas, uns peixinhos da horta, uma morcela com maça, entre outros, que ficaram debaixo de olho e para a próxima. Sim, porque depois de experimentar as deliciosas iguarias que saíram daquela cozinha, haverá certamente uma próxima vez.
Um local muito interessante num bairro especial

A açorda de bacalhau, servida num pequeno pote preto, estava simplesmente divinal. Os ovos, que podem arruinar a carreira de um cozinheiro apesar de serem coisa simples, eram suculentos e realçavam um sabor que não consegui identificar. Já o coco anunciado no ceviche provocava dúvidas, mas acabou por resultar em pleno, dando ainda maior frescura à receita. A própria salada de polvo pouco prometia, mas também foi uma surpresa de tão boa e diferente do habitual.
Dois copos de vinho e mais duas sobremesas (excelentes os quatro) encareceram a refeição (os cafés, a preço de hotel – 2,50 euros – também ajudaram) que ficou em cerca de 60 euros. É caro, sim, mas tirando estes “extras” seriam menos 25 euros, ou seja, pode-se petiscar ali, e bem, por 35 euros o casal. Nada mau para restaurante de um dos hotéis mais requintados de Lisboa.

A repetir, sem dúvida, e com a possibilidade de, depois do “picanço”, subir ao último andar do Bairro Alto Hotel para tomar mais qualquer coisa numa das melhores esplanadas da capital. L.M.

Flores do Bairro
Praça Luís de Camões, 2,
1200-243 Lisboa
Telefone: 213408252
Cartões: sim
Preço médio: 25 euros
Almoço das 13h00 às 15h00 (tem “menu executivo” a 18,50 euros)
Jantar das 19h30 às 23h00
Estacionamento: há serviço de valet parking

Notas (1 a 5)
Qualidade da refeição: 4
Serviço: 4
Preço: 3

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