Disse-me uma amiga que “A Tendinha”, no centro histórico de Oeiras, era uma tasca onde ela e alguns amigos bebiam umas cervejas nos idos de 80. Porque era barato, porque havia poucas alternativas e porque a localização dava jeito a todos. Mas nada a caracterizava especialmente, nem nessa altura, nem três décadas antes, quando abriu portas (1954). E, aos poucos, com as andanças da vida, foi caindo no esquecimento da amiga e dos amigos dela. Entretanto, não sei que transformação foi operada na “Tendinha”, mas o certo é que começou a aparecer nas páginas de jornais e revistas. E de uma forma tão elogiosa que surpreendeu essa tal amiga. Fomos então investigar...
À entrada senti logo que aquele local ia ser especial. O espaço é pequeno e acolhedor (28 lugares), mistura de restaurante, cervejaria e, sobretudo, tasca, e defino-o assim com toda a admiração. Mas há uma satisfação geral na cara dos comensais e um à vontade dos mesmos – não confundir com intimidade – que apetece logo experimentar. Não há menus encadernados, mas há ardósias na parede com as ofertas da casa. E as ofertas são variadas e podem ser surpreendentes para quem ainda não está familiarizado. A começar nas entradas que incluem ostras (!), amêijoas, percebes (quando os há), sapateiras e gambas, estas, frescas e rechonchudas, vendidas num pequeno prato por 5,50 euros, mesmo boas para partilhar e começar a despachar umas imperiais.
Depois, ao que parece, a malta vai ali comer bife, cuja fama é a de ser tenrinho. Um (9,75 euros) dá para dois, meia dose (8,75) para um. A última foi a minha escolha, apesar da diferença de apenas 1 euro. E, de facto, percebe-se a preferência geral, pois este bife distingue-se por ser verdadeiramente macio. O molho, com muito alho, dá-lhe um sabor extra e as batatas, bem fritas, amarelinhas, complementam-no na perfeição, tal como o ovo estrelado. Estou a escrever e já a salivar só de memória... Mas, atenção, esta não é a única (e boa) opção. Há, por exemplo, um excelente caril de gambas servido em casca de coco, tachinhos de arroz de tamboril, de polvo e de bacalhau (todos para duas pessoas ao preço de 14,50 euros), feijoada de gambas, massinha de peixe, polvo à lagareiro, entrecosto com amêijoas e por aí fora. Muito para escolher com a certeza de acertar sempre, pois tudo é bem confeccionado.
O vinho da casa, em jarro, é adequado ao espírito do local, pelo que é uma boa opção, embora haja outros disponíveis, de marca. O serviço é rápido e simpático. Quanto aos preços, são um pouco mais altos do que seria de esperar de uma tasca (repito, com toda a admiração pelo termo), mas também não se espera de uma tasca, que, no fundo, até é restaurante e cervejaria, refeições com tanta qualidade. Ainda assim, o almoço ou o jantar fica entre os 12 e os 15 euros, embora possa subir a mais de 20, caso se complemente a refeição com marisco. Dica para arranjar mesa: ao almoço é chegar logo pelas 12h30 ou a partir das 14h00. Ao jantar, reserve-se.
Tendinhas há muitas – uma pesquisa na net indica-nos várias pelo país –, mas esta, a de Oeiras, é especial e vale uma visita. Regada e demorada, de preferência. L.M.
“A Tendinha”
Rua Rodrigues Freitas, 5
2780-293 Oeiras
Telefone – 212401739
Cartões – o multibanco “está avariado”
Preço médio: 15 euros
Aberto todos os dias até à meia-noite
Estacionamento – público
Notas (1 a 5)
Qualidade da refeição: 3
Serviço: 3
Preço: 4
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