quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Pois está Claro!

O espaço, para além de Claro, é simpático e acolhedor

Gostava de não levantar falsas expectativas, mas, pronto, cá vai: penso ter encontrado o melhor restaurante de Lisboa e arredores (... fica em Paço de Arcos). Será só entusiasmo, o entusiasmo da experiência que tive no “Claro!”? Sim, admito que pode ser. OK, não serei tão assertivo, até porque definir “o melhor” é sempre subjetivo. Portanto fico-me por “um dos melhores”. E sobre isso não cedo, venha quem vier. É que já há algum tempo não era posto à prova como neste restaurante, feito de uma cozinha intrinsecamente portuguesa, aparentemente simples e, no entanto, tão imaginativa e apelativa às sensações. Em Lisboa, talvez só nos inícios da “Bica do Sapato” e do “Assinatura” ou um pouco no atual “Bel Canto” tenha sentido tanta emoção com a sabedoria de um chef em conjugar texturas e sabores. Voltou a acontecer agora com Vítor Claro, o responsável por este espaço que baptizou com o próprio apelido.
O “Claro!” ocupa um espaço privilegiado no Hotel Solar Palmeiras, onde chegou a funcionar um “Cocagne” que nunca visitei. Mesmo em cima da marginal, em frente ao mar, a vista é, como se pode imaginar, magnifica. O interior não é tão vasto como a panorâmica, mas ainda bem. No bom tempo, é complementado por uma esplanada. Tudo muito bonito, mas é da cozinha que sai o melhor da casa. E a cozinha está a cargo do referido Vítor Claro. Não vou aqui fingir, como muitos dos meus colegas “aconselhadores” de restaurantes, que sou intimo do chef, que o conheço de ginjeira, que somos amigos do peito. Nada disso. Nunca o tinha visto. Mas já vi do que é capaz e pressenti nele uma paixão pelos pratos que depois se sente no paladar. Também li que percorreu as melhores cozinhas e aprendeu com os melhores cozinheiros. É tudo o que interessa saber. 
Mas vamos à comezaina. O restaurante funciona com menus compostos por vários pratos e, ao fim-de-semana, com um de cozido à portuguesa. Como fui num sábado, aconselharam-me o menu do cozido. Aceitei. Já a minha companheira quis amplificar a primeira experiência para provar o “menu do almoço”. Seguiu-se então um desfile de mimos gourmets fabulosos. Veio um pequeno prato (do menu do cozido) que dividimos. Uma fatia de presunto da beira baixa, outra de panceta e uma ameixa recheada com patê. Abriu o apetite. Depois, uma oferta extra menus, com o chef a fazer questão de experimentarmos o ex-libris da casa, o bacalhau à Conde da Guarda – uma espécie de pastel de bacalhau sem fritura, em dueto com tomate migado –, tão simples, mas tão saboroso que nos rendemos. E pronto, estávamos preparados para o banquete que incluiu raia em caldeta de ervas, caldo do cozido com foie gras, peixe do dia (seria salmonete?) acompanhado com cozido de grão e o cozido propriamente dito, um “cozido de autor”, com os componentes do tradicional, mas elevado a outro patamar. Só visto e só provado.
A boa notícia é que se come como rei a preço de plebeu. O menu do cozido custa 23 euros e o menu de almoço fica por 20 euros (prato principal), 22 euros (entrada ou sobremesa e prato principal) ou 24 euros (entrada, prato principal e sobremesa). A água e o café estão incluídos, bem como o pão, feito na casa, que é outra perdição, de tão quente e guloso. Ao jantar os preços crescem, tal como o banquete. Assim, o “menu de estação” composto por 6 pratos, fica em 35 euros, enquanto o “menu de degustação”, com 9 pratos, vai aos 60 euros. O vinho é à parte e há muito por onde escolher, mas há também boas sugestões diárias, todas a 3 euros o copo ou 13 euros a garrafa. Em nenhum outro local, com este nível, se praticam preços assim. Acreditem. L.M.

“Claro!”
Av. Marginal, Curva dos Pinheiros, Hotel Solar Palmeiras
2780-749 Paço de Arcos
Telefone – 214414231
Cartões – Aceita
Preço médio – 30 euros
Aberto todos os dias até às 22h30
Estacionamento – Privado

Notas (1 a 5)
Qualidade da refeição: 5
Serviço: 5
Preço: 5


Sem comentários:

Enviar um comentário