terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Há de tudo como no mercado

As (poucas) mesas disponíveis não atrapalham o bom gourmet
Custou mas foi. A abertura do “novo” Mercado de Campo de Ourique foi uma saga que me deixou esgotado. No início do verão começaram a circular notícias de que no melhor bairro lisboeta (ok, sou suspeito por definir assim o sítio onde moro...) ia abrir uma série de quiosques com petiscos ao lado das bancas de produtos frescos (peixe, carne, legumes, frutas, entre outros) já existentes no local. E isto à imagem do famoso Mercado de San Miguel, em Madrid, este uma perdição de “tapeo” nas suas mais variadas e gloriosas formas. Assim, perante a perspetiva de ter tal coisa à mão de semear, cedo comecei a contar os dias até à inauguração. Mas foi duro. O verão passou e nada. A inauguração chegou a ser apontada para setembro, depois passou para meados de outubro, teve data marcada no início de novembro e só abriu, já perante a desconfiança geral, no dia 26 desse mesmo mês, o de novembro para quem já se perdeu. Mas valeu. Valeu a espera, a pena e valeu a aposta de quem teve a ideia, pois será rapidamente o “spot” mais concorrido de Lisboa, esperando que isso, entretanto, não o estrague.
            Quem conhece o irmão mais velho madrileno já sabe o que o espera. E não ficará desiludido, mesmo que sinta falta de algum “salero” que no outro se sente por todos os cantos. Seja como for, o “Mercado de Campo de Ourique” tem correspondido a todas as expectativas nestes poucos dias de pleno funcionamento. O bom gosto na decoração dos 16 quiosques (embora haja um, a “Pastelaria” que ainda não tem dono) é uma evidência, e a escolha do que cada um tem para oferecer foi acertada, ainda que possa haver desequilíbrios, sobretudo no desembaraço com que os clientes são servidos. A ideia é comprar os petiscos mais apreciados e ficar a degustá-los no balcão ou, mais difícil, nas mesas (poucas) existentes a meio do recinto. E, já agora, convém ir sem pressas ou cheio de impaciência. Nenhuma faz com que arranje lugar sentado ou que seja atendido mais depressa. Há que desfrutar deste local ímpar na capital, no melhor bairro do mundo (e, desta vez, não sou eu que o afirmo, é a insuspeita Monocle http://monocle.com/magazine/issues/68/).
            Ficam, então, as minhas primeiras impressões sobre cada espaço. E estas são sempre as decisivas, até porque, como dizia o outro, não há uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão...

Charcutaria Lisboa: Uma das “tasquinhas” mais concorridas, sobretudo por causa das travessas generosas de queijo, enchidos, pão e azeite, que servem um pequeno grupo a preços entre os 15 e os 30 euros.
Chef do Mercado: Petiscos de autor. Pode surpreender pela diferença. Supostamente também se dispõe a preparar pratos com produtos comprados no mercado, mas não vi o conceito em prática, nem me parece exequível com tanto movimento.
Hamburgueria U-Try: Bons hambúrgueres e umas batatas fritas, de pacote, a fazerem lembrar a infância, quando tudo tinha mais sabor. O problema é que, com aquela oferta à volta, arrisca-se a ter menos atenção.
Praça japonesa: Para quem estiver enjoado de petiscos portugueses, eis uma opção saudável de sushis e sashimis.
Petiscaria 2 à Esquina: Já existia na zona da Almirante Reis e abriu agora este segundo espaço. Petiscos óptimos como na casa original, mas um serviço “atrapalhado” ao contrário do que sucede na primeira. Se nada fizer, é um sério candidato ao prémio “vamos andar à toa quando isto apertar”.
Empaderia: Conceito já existente em diversos centros comerciais. Apesar disso, não deixa de ser interessante.
Joe’s Shack Menu: Um “americano” com tudo a que temos direito, desde chicken wings às BBQ Ribs. Também para desenjoar do petisco nacional.
Mercado do marisco: Marisco bom e relativamente barato. Com pratinhos de camarão, percebes, entre outras iguarias a puxar a cerveja. Complementa com uma champanheria que vende, para além do precioso líquido, umas ostras fresquissímas a 2 euros a unidade.
O Atalho: É, de longe, o mais procurado. A ideia é boa: grelhar carne que o cliente pode escolher da vitrina, tudo com uma boa apresentação final.
Gelati di chef: Gelados de autor, para completar a refeição.

Para além das tasquinhas de comida há as de bebida. Uma de vinhos (à garrafa ou a copo, mas com poucas escolhas), uma de cocktails (os diferentes gins são uma perdição...) e outra de cerveja, destacando-se esta pelos baldes cheios de gelo com cinco minis lá dentro, por apenas uma nota de 5 euros. Os preços baixos são, aliás, outro factor de atração, bem como a possibilidade de se poder petiscar fora do horário das refeições. L.M.

Mercado de Campo de Ourique
Rua Coelho da Rocha
1350-075 Lisboa
Telefone: 213962272
Cartões: aceita (também há multibanco no mercado e nas ruas adjacentes)
Preço médio: depende da escolha dos quiosques, mas petisca-se e bebe-se bem por 10 euros, e vai-se longe por 20. A partir daí, a festa é total.
Estacionamento: Difícil na rua, mas há um parque mesmo em frente, por baixo da igreja do Santo Condestável.
Aberto de domingo a quarta-feira até às 23h00 e de quinta-feira a sábado até à 1h00

Notas (1 a 5)
Qualidade da refeição: entre 3 e 4
Serviço: de 2 a 5
Preço: de 3 a 5

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