A sala de refeições mais aprazível do Moinho |
Com honrosas excepções, sempre achei que a cada macaco o seu
galho, o que transposto para a restauração significa, pelo menos na minha
modesta opinião, que os rojões à minhota são bons é no Minho, as tripas à moda
do Porto são no Porto, o peixe é em Setúbal (esta será a opinião menos
consensual, mas voltarei ao tema para tentar prová-lo), o leitão é na Bairrada,
os caracóis são na esplanada , as bolas de Berlim são na praia e por aí fora. Portanto,
por esta ordem de ideias, a comida alentejana é no Alentejo. E que bons
exemplos há por lá.
Fica a sugestão de um em Évora.
Pode nem ser o melhor da região, mas, de certeza, é digno representante da
gastronomia local. Falo do “Moinho do Cu Torto”, nome pitoresco para
restaurante também patusco situado para os lados da zona industrial da cidade,
já fora do centro, mas logo no início da viagem para quem vai, digamos, em
direcção a Reguengos. Como o próprio nome indica, localiza-se num antigo moinho,
embora não consiga explicar de onde vem o “cu torto”. Adiante.
Uma açorda alentejana de comer e chorar por mais |
À entrada, um balcão, já com
vários petiscos em exibição e, atrás, uma ardósia com muitos outros e respectivos
preços. Depois, duas pequenas salas, uma interior, menos interessante, e outra,
a principal, acolhedora, de aspecto rústico e com uma lareira ao fundo. Ambas
decoradas com motivos campestres. Na carta, embora sem demasiadas sugestões,
estão representados os principais ex-libris da cozinha alentejana.
Nesta última visita, a opção
recaiu em duas deliciosas entradas: tomatada com ovos de codorniz e febras de
coentrada (tirinhas fininhas de carne de porco, tenrinhas e sem um pingo de
gordura, apenas a do azeite, com seus alhos e coentros). Depois vieram os
pratos principais. Entre muitas e boas alternativas, apeteceram umas migas de
espargos com carne do alguidar e ainda uma açorda alentejana com o respectivo
bacalhau. Ambas excelentes e gulosas embora a última mereça dois reparos: o ovo
devia estar menos cozido, para a gema se poder desfazer na água da sopa, e o
pão devia ser fatiado e não em cubos. Mas isto são reparos de gosto pessoal.
Não há uma maneira certa ou errada de apresentar uma açorda. Ela tem é de ser
deliciosa e a deste Moinho era. E muito.
Carne do alguidar com migas de espargos... |
Das sobremesas, também resultado do
receituário tradicional alentejano, nada posso acrescentar, pois não as provei,
mas, do que vi, tinham muito bom aspecto.
E pronto, a pouco mais de uma
hora de Lisboa fica este retiro de bem comer à alentejana, onde apetece voltar
com a possível frequência. L.M.
“Moinho do Cu Torto”
Rua Santo André, 2, (Bairro Senhora do Carmo)
7005-401 Évora
Telefone – 266771060
Cartões – aceita
Preço médio: 17,5 euros
Todos os dias até às 22h00 (fecha aos feriados)
Estacionamento – fácil
Notas (1 a 5)
Qualidade da refeição: 4
Serviço: 3
Preço: 3
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