sexta-feira, 14 de março de 2014

Comer direito... no Cu Torto

A sala de refeições mais aprazível do Moinho
Com honrosas excepções, sempre achei que a cada macaco o seu galho, o que transposto para a restauração significa, pelo menos na minha modesta opinião, que os rojões à minhota são bons é no Minho, as tripas à moda do Porto são no Porto, o peixe é em Setúbal (esta será a opinião menos consensual, mas voltarei ao tema para tentar prová-lo), o leitão é na Bairrada, os caracóis são na esplanada , as bolas de Berlim são na praia e por aí fora. Portanto, por esta ordem de ideias, a comida alentejana é no Alentejo. E que bons exemplos há por lá.
Fica a sugestão de um em Évora. Pode nem ser o melhor da região, mas, de certeza, é digno representante da gastronomia local. Falo do “Moinho do Cu Torto”, nome pitoresco para restaurante também patusco situado para os lados da zona industrial da cidade, já fora do centro, mas logo no início da viagem para quem vai, digamos, em direcção a Reguengos. Como o próprio nome indica, localiza-se num antigo moinho, embora não consiga explicar de onde vem o “cu torto”. Adiante.
Uma açorda alentejana de comer e chorar por mais
À entrada, um balcão, já com vários petiscos em exibição e, atrás, uma ardósia com muitos outros e respectivos preços. Depois, duas pequenas salas, uma interior, menos interessante, e outra, a principal, acolhedora, de aspecto rústico e com uma lareira ao fundo. Ambas decoradas com motivos campestres. Na carta, embora sem demasiadas sugestões, estão representados os principais ex-libris da cozinha alentejana.
Nesta última visita, a opção recaiu em duas deliciosas entradas: tomatada com ovos de codorniz e febras de coentrada (tirinhas fininhas de carne de porco, tenrinhas e sem um pingo de gordura, apenas a do azeite, com seus alhos e coentros). Depois vieram os pratos principais. Entre muitas e boas alternativas, apeteceram umas migas de espargos com carne do alguidar e ainda uma açorda alentejana com o respectivo bacalhau. Ambas excelentes e gulosas embora a última mereça dois reparos: o ovo devia estar menos cozido, para a gema se poder desfazer na água da sopa, e o pão devia ser fatiado e não em cubos. Mas isto são reparos de gosto pessoal. Não há uma maneira certa ou errada de apresentar uma açorda. Ela tem é de ser deliciosa e a deste Moinho era. E muito.
Carne do alguidar com migas de espargos...
Das sobremesas, também resultado do receituário tradicional alentejano, nada posso acrescentar, pois não as provei, mas, do que vi, tinham muito bom aspecto.
E pronto, a pouco mais de uma hora de Lisboa fica este retiro de bem comer à alentejana, onde apetece voltar com a possível frequência. L.M.

“Moinho do Cu Torto”
Rua Santo André, 2, (Bairro Senhora do Carmo)
7005-401 Évora
Telefone – 266771060
Cartões – aceita
Preço médio: 17,5 euros
Todos os dias até às 22h00 (fecha aos feriados)
Estacionamento – fácil

Notas (1 a 5)
Qualidade da refeição: 4
Serviço: 3
Preço: 3

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