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É lá em cima que recomendamos o repasto... |
Chegávamos com medo do que
íamos encontrar. As notícias de que o mar tinha dado cabo da paisagem como a
conhecíamos eram muitas e recordações da infância, juventude e idade maior
batiam forte num coração que temia a realidade. A ideia inicial não era parar
no Angra. Era continuar viagem e um pouco mais acima, ver como estava a Adraga
e por ali almoçar, num dos nossos restaurantes preferidos. Mas o que vimos na
Praia Grande obrigou-nos a ficar mais algum tempo. A praia irreconhecível, o
mar ainda a bater, rochas onde elas antes não existiam e um décimo da areia que
antes pisávamos. Felizmente o sol brilhava nesse dia e ainda deu para descer
com o mais novo à areia e com os outros dois passear, matutando um pouco sobre
o que está a acontecer um pouco por toda a nossa costa.
Mas vamos ao que interessa.
Na Praia Grande há cinco locais onde almoçar ou jantar sem grandes problemas.
Desde o restaurante na encosta, para clientela mais endinheirada, passando pelo
do Hotel Arribas, mas nós escolhemos quase sempre o mesmo: o Angra.
Curiosamente, não é gastronomicamente o melhor no local. Noutro dia se falará
dos outros. Mas tem coisas que os outros não têm e que tocam fundo cá no
coração. Falamos dos vários mariscos e entradas, sim, mas ainda mais
importante, do terraço no topo do restaurante, onde as imperiais e o vinho
branco escorregam como se não houvesse amanhã. Infelizmente há e a idade hoje é
outra, logo escorregam, mas pouco, que esse tal amanhã é outro dia.
Então escolhido o local e a
mesa, bem lá em cima, cá fora se na primavera ou verão, lá dentro bem à janela
se no inverno, vamos à papinha. E ali aconselham-se os mariscos de entrada. Mas
não aqueles que se comem em todo o lado. Aproveite, gaste menos, e delicie-se
com um mexilhões à espanhola feitos como deve ser, umas lapas grelhadas de
comer e chorar por mais, uns burriés da costa, fresquinhos e gordinhos ou mesmo
um caranguejos/navalheiras a saber a mar. Há, claro, as normais ameijoas à
bolhão pato e as gambas, mas as primeiras, apesar terem vindo para a mesa nem
as vi, as segundas já vamos evitando. Seguiu-se uma sapateira fresquinha, dos
viveiros da zona e pode dizer-se que não desapontou. Casco bem preparado e
carninha fresca. Pouco mais se pode desejar quando se recebe um bicho destes na
mesa.
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O barco encalhado que deu nome ao restaurante |
É a partir daqui que se pode
complicar a refeição no Angra. Porque a cozinha nem sempre é acolhedora e os
petiscos que de lá chegam são irregulares. Já ali comi bem e comi mal. Por
isso, se é segurança que procura, rume a outras paragens. Se ainda assim
pretende continuar por lá mas a jogar pelo seguro, ataque um peixe grelhado
fresquinho. Pode escolhê-lo na montra dos bichinhos apetitosos. Aí a felicidade é garantida. Se for corajoso, então arrisque. Pode dar-se bem. E muito mal não há-de correr, mas pode haver pequenas
deceções. Por isso prefiro não dar mais ajudas neste campo. Até porque, sendo
sincero, a maior parte das vezes fico-me pelas entradas e mariscos, regadas com
um Beira Mar fresquinho e um pão delicioso ali da zona.
Restaurante Angra
Av. Alfredo Coelho, n.º 57, 2705-329 Colares
Não encerra
Estacionamento: Não
Horário de Encerramento: 22:00
Lotação: 344
Necessidade de reserva: Aconselhável.
Preço Médio: 20 euros
Tipo de Restaurante: Português, Grill
Notas
Qualidade da refeição: 3/4
Serviço: 3
Preço: 3
Serviço: 3
Preço: 3