O tempo em que os portugueses iam a Badajoz comprar
caramelos e atestar o depósito do carro passou. Na verdade, os caramelos nunca
foram assim tão bons e a diferença de preço nos combustíveis mal dá para a
viagem. A não ser que haja outras e mais nobres razões, como, por exemplo,
“picar” algumas das milhentas tapas em que os espanhóis são mestres na arte da
confeção. Aí, sim, o caso muda de figura.
Desta vez fomos ao acaso. Fosse onde fosse, haveria de
ser bom. Depois de passarmos pelos novos centros comerciais, pelo hospital e
pela universidade, atravessámos a ponte “nova” (não é assim tão recente, mas em
comparação com a antiga é muito mais moderna!) e rolámos até ao centro. Mesmo
ao lado daquele armazém grande do costume… um lugar de estacionamento à borla!
Sorte!
E muito perto do local, brilhava aos nossos olhos uma
placa: Cocina Gallega. Lá dentro, quatro mesas e um balcão, tudo repleto de
pessoal alegre e muito barulhento.
Vem o empregado fazer as honras e diz-nos que só abriram a
casa há uma semana e que, se quiséssemos, havia lugar ao balcão, de pé. OK.
Como era dia de sorte, não tinham passado dois minutos e já estávamos sentados,
com vista para os espanhóis bem dispostos, que picavam e bebiam ao balcão. De
pé, sem reclamações.
Polvo à galega, pimentos padron e calamares. Depois de
uma ronda de negociações difíceis, as escolhas fizeram-se. A primeira opção
seriam “puntillitas”, aquelas microlulas fritas deliciosas envoltas em polme,
mas não havia. Dizia ele, o empregado. Quando já se comia e ele passou com uma
travessa cheia delas, se os nossos olhos fossem os fusis malfadados que
desgraçadamente trespassaram Garcia Llorca, ele próprio, o empregado, teria
caído junto ao balcão, fulminado. Enfim…
O polvo veio cortado fino, numa tábua, temperado com
azeite e pimentão doce. Estava realmente à maneira e foi razão para conceder
o perdão à casa, pelo deslize das “puntillitas” (ah, as puntillitas!).
Os pimentos padron são só para quem gosta, levam um toque
na grelha, com sal, e já está, perfeitos para cortar na gordura da comezaina.
Nós não comemos o pé, mas na mesa ao lado não deixámos de reparar que o pessoal
engolia tudo. Ah, raianos!
Mas ainda havia os calamares. Belíssimos, leves, bem
fritos, aprovadíssimos.
Dois copos de branco para mim, um para a minha companhia,
dois cafés. Grande vitória no Sanxenxo de Badajoz! A.V.
Sanxenxo
Cocina Gallega
Avenida Manuel Saavedra Palmeiro, 13
Badajoz
Espanha
Aceita cartões
Preço médio – 20 euros
Estacionamento – público (difícil), mas há a hipótese de parquear no El
Corte Inglés, mesmo ao lado
Notas (1 a 5)
Qualidade da refeição: 4
Serviço: 3
Preço: 3
Preço: 3
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