quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Um galego em Badajoz


O tempo em que os portugueses iam a Badajoz comprar caramelos e atestar o depósito do carro passou. Na verdade, os caramelos nunca foram assim tão bons e a diferença de preço nos combustíveis mal dá para a viagem. A não ser que haja outras e mais nobres razões, como, por exemplo, “picar” algumas das milhentas tapas em que os espanhóis são mestres na arte da confeção. Aí, sim, o caso muda de figura.
Desta vez fomos ao acaso. Fosse onde fosse, haveria de ser bom. Depois de passarmos pelos novos centros comerciais, pelo hospital e pela universidade, atravessámos a ponte “nova” (não é assim tão recente, mas em comparação com a antiga é muito mais moderna!) e rolámos até ao centro. Mesmo ao lado daquele armazém grande do costume… um lugar de estacionamento à borla! Sorte!
E muito perto do local, brilhava aos nossos olhos uma placa: Cocina Gallega. Lá dentro, quatro mesas e um balcão, tudo repleto de pessoal alegre e muito barulhento.
Vem o empregado fazer as honras e diz-nos que só abriram a casa há uma semana e que, se quiséssemos, havia lugar ao balcão, de pé. OK. Como era dia de sorte, não tinham passado dois minutos e já estávamos sentados, com vista para os espanhóis bem dispostos, que picavam e bebiam ao balcão. De pé, sem reclamações.
Polvo à galega, pimentos padron e calamares. Depois de uma ronda de negociações difíceis, as escolhas fizeram-se. A primeira opção seriam “puntillitas”, aquelas microlulas fritas deliciosas envoltas em polme, mas não havia. Dizia ele, o empregado. Quando já se comia e ele passou com uma travessa cheia delas, se os nossos olhos fossem os fusis malfadados que desgraçadamente trespassaram Garcia Llorca, ele próprio, o empregado, teria caído junto ao balcão, fulminado. Enfim…
O polvo veio cortado fino, numa tábua, temperado com azeite e pimentão doce. Estava realmente à maneira e foi razão para conceder o perdão à casa, pelo deslize das “puntillitas” (ah, as puntillitas!).
Os pimentos padron são só para quem gosta, levam um toque na grelha, com sal, e já está, perfeitos para cortar na gordura da comezaina. Nós não comemos o pé, mas na mesa ao lado não deixámos de reparar que o pessoal engolia tudo. Ah, raianos!
Mas ainda havia os calamares. Belíssimos, leves, bem fritos, aprovadíssimos.
Dois copos de branco para mim, um para a minha companhia, dois cafés. Grande vitória no Sanxenxo de Badajoz! A.V.

Sanxenxo
Cocina Gallega
Avenida Manuel Saavedra Palmeiro, 13
Badajoz
Espanha
Aceita cartões
Preço médio – 20 euros
Estacionamento – público (difícil), mas há a hipótese de parquear no El Corte Inglés, mesmo ao lado

Notas (1 a 5)
Qualidade da refeição: 4
Serviço: 3
Preço: 3

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